Brincando com a morte

O assunto desse post é sério. Muito sério. A cada gincana que passa aumenta a possibilidade de perdermos um amigo ou amiga durante a gincana ou de tirarmos a vida de alguém durante uma gincana.

Os acidentes de trânsito envolvendo participantes de gincana não são novidade. A novidade é que eles estão cada vez mais frequentes e cada vez mais graves. Nas últimas três edições, São Jerônimo, Butiá e Portão houve, pelo menos, doze acidentes. Incluindo um atropelamento. Isso é muito grave e requer reflexão por parte de todos.

Eu já me acidentei durante uma gincana. Capotei o carro em Minas do Leão em 2009. Graças a Deus não houve consequências mais graves. Mas poderia ter havido. O que aprendi daquela lição? Que todos tem um limite e ultrapassá-lo pode trazer graves problemas. Desde então dirijo nas gincanas dentro do meu limite e tentando, ao máximo, não pôr em risco tanto quem está dentro do meu carro como quem está fora dele. Sei que, mesmo assim, algo de errado pode acontecer comigo, assim como pode acontecer com qualquer um, estou apenas tentando reduzir a possibilidade disso acontecer.

Não estou aqui julgando quem se acidentou. Isso já aconteceu comigo e tenho certeza que ninguém sai por aí batendo o carro de propósito. Foram acidentes. Só que estamos passando do ponto.

A minha equipe anda forte na rua. Sempre andou. Isso é potencializado pelas poucas pessoas que temos e pela necessidade de atender a várias pontas ao mesmo tempo. Porém, temos a consciência de que um dia algo pode dar errado, muito errado. Depois dessa última gincana temos conversado sobre isso. Em como fazer para cumprir as tarefas sem correr o risco de alguém sair ferido.

Acho que todos temos que discutir esse assunto e tomara que essa discussão não descambe para argumentos do tipo "isso é culpa da equipe x, y ou z. isso é culpa do fulano", por exemplo, por que todos estão correndo muito. Quem ganha e quem perde. Também seria ridículo dizer que as gincanas são as culpadas por isso. Não são. Dezenas de pessoas morrem todos os finais de semana no trânsito e não estão participando de gincanas.

A questão é: O que podemos fazer?

Tenho algumas sugestões:

As organizadoras já retiraram os bônus para quem chega primeiro, talvez tenham que pensar em acabar com as tarefas de busca de um objeto único, em um mesmo local, para todas as equipes. Sei que é complicado, que dá trabalho, etc... etc... Mas a pressão de chegar antes estimula a velocidade. Uma outra ideia é punir com perda de pontos aquelas equipes que tiverem integrantes envolvidos em acidentes de trânsito. O mesmo deveria ser feito para equipes que tenham integrantes envolvidos em brigas.

As equipes tem a obrigação de repensar a correria. Está muito fácil, e barato, alugar um carro para a gincana e sair pisando no acelerador mesmo que não se esteja preparado para pilotar. Por que uma coisa é dirigir no trânsito normal do dia a dia e outra, bem diferente, é pilotar em alta velocidade em meio a vários outros carros que também estão em alta velocidade e mais um monte de gente que não tem nada com isso.

O poder público, a Polícia Militar e as prefeituras, terão que agir de forma mais firme durante as gincanas. É ruim sei, mas parece que está sendo necessário.

Vamos lembrar que, apesar de sermos todos apaixonados por gincana, não estamos acima da lei. Muita gente não gosta de gincaneiros, sabem por quê? Basta colocar algo escondido em um jardim de uma praça. Não sobrará uma flor. Não sobrará nada. Todas as equipes irão destruir o que estiver pela frente e depois vão dizer que a culpa é das outras. Quando eu digo todas, digo todas mesmo. Não estou falando de a, b ou c. É geral. E todos temos que melhorar essas coisas para melhorar a nossa imagem.

Sigo acreditando que gincana é diversão, amizade e muitos outros bons valores. Eu também já me diverti em gincanas participando de caças. Alguns deles em alta velocidade e já relatados aqui no blog. Só que chegou a hora de parar. Não quero ter que escrever um post lamentando a morte de alguém.

Até +

PS: Post sobre as tarefas da gincana, só depois de ler a planilha.